domingo, 6 de novembro de 2011

Conto - UMA VIDA ARTÍSTICA

Faminha era uma jovem de dezoito anos que morava na cidade de Lisboa e tinha o sonho de ser cantora desde pequena.
Apaixonara-se pelo compositor português afamado, U, e aos dezoito anos, decidira deixar de estudar e construir uma carreira musical.

Fez testes de voz no estúdio de U. Ele ficou impressionado ao ouvi-la cantar, tinha uma voz muito bonita! Decidiu logo compor para ela, tanto a música como a letra. Um sonho da rapariga tornou-se realidade e ela iniciou-se no mundo da música em pouco tempo.

Depois de várias sessões fotográficas e da gravação do cd, o “Sonho” foi para o mercado. O seu estilo pop/rock cativou de imediato o público em geral e vendeu muito. Saiu em revistas e foi entrevistada na tv e na rádio. Houve convites de outros cantores para fazerem duo com ela. Faminha aceitou. Cativava muita gente e já tinha um clube de fãs, recebia muitas cartas, algumas de amor, mas nem mesmo assim conseguia esquecer U que se mantinha em silêncio quanto aos seus sentimentos, mas a deixava esperançada pelos seus olhares, palavras e sorrisos.

No ano seguinte, voltou ao estúdio e resolveu escrever algumas letras também, pois o produtor/compositor tinha muito trabalho. Mesmo assim, U arranjou tempo de escrever uma balada muito romântica. Ela sentiu-se mais apaixonada, apesar dele não se declarar concretamente.
«­- Ele escrevera isso a pensar em mim!» ­- Pensou ela rejubilante.
Encheu-se de coragem e questionou:
­- Quem é a tua musa inspiradora?
­- Ninguém. ­- Respondeu -­ Baseei-me noutras canções antigas. Acho que vai ficar muito bem na tua voz.
O coração de Faminha entristeceu. Porém, ainda pôde perguntar:
­- Então você não está apaixonado por alguém?
­- Já estive. Sofri muito por amor. Agora vivo para o trabalho. -­ Retorquiu ele voltando-lhe as costas, aproximando-se da mesa de mistura.
Ela não quis falar mais no assunto para não o chatear. Não falou de si.
Outro cd foi editado, a internacionalização aconteceu. Novos convites de duetos surgiram, entrevistas e concertos. Participou numa série policial como investigadora. Adorou a experiência! Estava a realizar mais um dos seus sonhos, ser actriz. A honra e glamour dela estavam cada vez maiores, devido à sua carreira artística na música! Só faltava arranjar um namorado.

Um dia iniciou algo com um fã lisboeta, que lhe escreveu um poema, e tentou fazer ciúmes ao U. Não sabe ao certo se ele ficou com ciúmes dela ou da situação em que ela estava. Não demorou muito tempo para que aceitasse outra proposta para participar numa telenovela. Desta vez a sua personagem tinha um par.
Demétrio, o namorado, não gostou nada da ideia. Contudo, ela tentou convencê-lo, entre carícias:
­- Sempre quis participar numa telenovela. Não podes proibir-me.
­- Começamos a namorar há dois meses e agora já te vais meter com...
Ela mandou-o calar com um dedo na boca e afiançou-lhe:
- Eu sou uma mulher fiel. Esse papel na novela não mudará em nada o que sinto por ti.
- Oxalá que não mude, pois estou a gostar muito de ti e não te quero perder.
­- Nunca me perderás se estiveres sempre do meu lado. -­ E beijou-o.

A telenovela teve sucesso. Não era a protagonista, mas pertencia ao elenco principal e a personagem não era vilã. O jovem que contracenava com ela era bonito e seu fã, mas não se apaixonou por ele, com a reviravolta das cenas, do corta e avança, não houve muita ligação íntima e sabia que as palavras ditas eram decoradas.
Apesar das gravações da novela não abdicava dos concertos, embora fossem marcados menos. Ficou com mais fãs, sentia isso a cada virar da esquina.
Depois da telenovela acabar com um final feliz ela sentia o desejo de uma pausa e de momentos a dois. Tirou um mês de férias com Demétrio e foram para o Arquipélago de Cabo Verde, para a ilha do Sal. Tinha a conta bancária a transbordar e estava radiante com o seu sucesso, tanto como mulher, cantora e actriz. Demétrio propôs-lhe:
­- E se ficássemos cá o resto do ano?
­- Não sei se deva me ausentar tanto tempo...
­- A ti não custa nada e para mim seria bastante benéfico, ficava mais tempo longe daquele escritório que já estou farto e ficava mais tempo junto a ti. - E sorriu abraçando-a.
­- Pois, era bom. Comprávamos uma casa na praia. -­ Vagueou concluindo ­- De facto tenho dinheiro suficiente para o resto da vida. Quase nem precisava trabalhar mais.
­- Então, faz isso: foge um pouco da ribalta.
­- Não posso. A minha vida sem os palcos nunca seria a mesma. E não quero afastar-me muito dos meus pais. Terás de me compreender para que a relação resulte.
­- Eu compreendo-te, mas não quero voltar a ter os ciúmes que senti quando te vi na tv.
­- Não voltarás a senti-los porque eu sou toda tua. - E beijou-o.
Depois foram dar um mergulho na piscina.

Quando voltaram a Portugal ela voltou ao estúdio e aceitou fazer parte duma banda, cujo os três elementos eram seus fãs, oriundos de Angola, e queriam que ela fosse a vocalista. U fora mais uma vez o compositor e demonstrava admiração por ela. Sentia que o seu olhar estava diferente para com ela, mas nunca lhe mandara nenhum piropo. Era apenas um dos amores de juventude que ficava na história da sua vida!

Mais uma vez Demétrio se enciumou com os encontros dela para ensaiar com outros rapazes, mas ela convenceu-o a entrar para a banda também e a deixar o escritório. Ele não pensou duas vezes e tornou-se em baterista. A banda teve sucesso, o estilo era inovador, um pop/rock com sons africanos.
Faminha cativava todos com a sua belíssima voz, tanto em português como em inglês, em qualquer continente.
Mais tarde saíra um livro com a biografia dela e da banda, contando também alguns pormenores da sua vida antes de se iniciar nos diversos palcos.

1 comentário:

Verânia Aguiar disse...

Bem consegui ler ate o fim hehe.
Essa tua história devia passar-se muito antigamente, quando a crise não era tão acentuada, tb n poderá ser futuramente pois que se agravará ida mais.

Vida artistica nao queria para mim, xD alem de ser um esforço para alcançar o vento é super desgastante.

continua