segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

ANJOS

ANJOS abençoados
Na Terra afamados,
Jovens cantores de sucesso
Orgulhosos do seu progresso,
Solidários desde o começo.

NO NATAL

No NATAL deve haver união,
Ultrapassemos toda a solidão,
Dêmos as mãos e saibamos perdoar,
É época para festejar.

O NATAL é a festa de Jesus,
Tudo deve ser fraternidade.
No NATAL há muita luz,
Mais razões para felicidade.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

CRÓNICA - ÉPOCA NATALÍCIA

Antes do mês de Dezembro muitas pessoas começam a comprar os presentes para a família. Nós, cá em casa, costumamos fazê-lo. Embrulhámos os presentes ao chegar a casa.
Fomos ao sótão buscar os enfeites de Natal. Estavam em diversos caixotes. Iniciámos pela árvore de Natal, de tamanho médio, pinheiro artificial que simboliza as árvores do Paraíso pela sua fertilidade. Colocámos em cima do sofá da sala de estar (em que não costumamos ficar muito tempo), para que fique à altura da janela. Foram postas à sua volta vários conjuntos de luzes artificiais de diferentes cores, assim como bolas, sinos e fitas encarnadas. Na janela pendurámos os sinos luminosos e os candeeiros dourados.
Alguns dias depois deslocámo-nos até ao mato para arrancar das paredes pastinhos ou leivas, como estejam habituados a chamar, e construir um presépio em cima de uma das mesas que não usámos no dia-a-dia. A gruta ocupava quase sempre o lugar central, com a Sagrada Família lá dentro e com os animais, tendo por cima um anjo. Do lado esquerdo encontravam-se uns pastos com as ovelhas e os pastores, do outro a aldeia e os visitantes ao Menino Jesus. Ao lado do presépio tínhamos Pais Natal e a enfeitar as paredes tínhamos estrelas luminosas. Pendurámos azevinhos nas portas e raminhos de pinheiro pela casa.
Na semana antes do Natal confeccionámos os doces - queijadas, Bolo de Natal, tartes diversas - e visualizámos os programas musicais de Natal na televisão.
No Dia da Consoada (24 de Dezembro) jantámos o tradicional bacalhau e algumas iguarias doceiras.
Muitas crianças recebem o Pai Natal em casa, alguém da família que se veste com esse traje (às vezes as crianças nem sabem quem é) para abrilhantar a noite de Natal com as tão desejadas prendas; noutras casas os presentes aparecem na chaminé ou debaixo da árvore de Natal à noite ou na manhã do dia 25 e ainda há outras que recebem directamente dos pais e de outros familiares, por vezes, antes das 24 horas. Nós, a minha família, não conseguimos conter a curiosidade e abrimos os presentes antes da meia-noite e só depois vamos à Missa do Galo para festejar o nascimento do Menino Jesus. Normalmente chove, mas na igreja estamos bem e esquecemo-nos do mau tempo com a alegria dos cânticos natalícios e com a palavra de Deus.
No dia 25 de Dezembro jantamos os restos do dia anterior, recebemos os parentes em casa e vamos a seguir a casa deles. Trocámos presentes e petiscámos os salgados e os doces expostos na mesa. Nos dias seguintes também fazemos visitas aos familiares e amigos trocando prendas, bebendo e comendo.
Quando chega o último dia do calendário (31 de Dezembro - Reveillon) jantámos fartamente galinha frita com batatas rosadas ou bifes com arroz, jogámos às cartas para passar o tempo, vemos televisão, conversámos em família, petiscámos os doces e os salgados confeccionados para a ocasião e, às vezes, comemos coscorões (feitos de massa, estaladiços e envolvidos em açúcar e canela) ou donetes ou panquecas ou pipocas. Ao chegar à meia-noite assistimos o fogo-de-artifício pela televisão, abrimos a garrafa de champanhe para brindar o Ano Novo que se iniciará e não dispensámos as 12 passas para pedir os 12 desejos (1 para cada mês do ano) enquanto se bebe o copo da bebida festeira. Outras pessoas costumam sair para bares e discotecas festejando até às tantas com amigos ou familiares; outros vão para casa de familiares e fazem churrasco e jogam algum jogo divertido em união, havendo sempre muita algazarra, atirando foguetes para iniciar o novo ano; ainda existem outras pessoas que jantam fora e vêem o fogo-de-artifício ao vivo e outras fazem viagens nessa ocasião e vivem uma passagem-de-ano diferente. O que importa é que haja saúde e alegria para passar para o Ano Novo.
No dia 1 de Janeiro levantámo-nos tarde, voltámos a comer pratos que não são consumidos regularmente ou os restos da noite passada, rezámos e passámos a tarde em família, indo às vezes a casa de algum familiar.
Ao chegar o dia 6 de Janeiro, Dia de Reis, muitas pessoas comem o Bolo de Rei (embora algumas já o tenham comido ou já vaia em metade), é feito frequentemente em forma anelar (simbolizando riqueza e união), é comum ter frutas cristalizadas, que algumas pessoas põem de lado ou simplesmente não comem o bolo. Em Espanha é nesse dia que se abrem os presentes, mas em Portugal, em algumas regiões, nessa noite cantam-se as Janeiras (cânticos de Natal) de porta em porta; noutros locais fazem-se ranchos para desfilar pelas ruas da cidade a cantar, como é o caso da Ilha Terceira, nos Açores. Costuma ser uma noite alegre quase como a de Natal. Nesse dia há quem desmanche os enfeites de Natal, embora alguns façam-no no dia seguinte para honrar os Reis.
Nesta época acontece uma das minhas festas preferidas. Gosto mais da maneira que é celebrada na minha ilha, sem filóses e no Inverno para as luzes artificias estarem mais tempo acesas.

2010
"http://www.varaldobrasil.ch/media//DIR_158701/44264834c5c0b015ffff820fa426365.pdf"

PROBLEMA

Um Problema é
Um exercício de Matemática,
Ou de Física, ou de Química.

Um Problema é
Qualquer coisa por resolver
Sem que saibamos o que fazer.

Um Problema é
Aquilo que nós pensamos
Ser um beco sem saída.

Um Problema é
Aquilo que não gostamos
A pregar-nos uma partida.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

CONTO - A FAMÍLIA DE ÂNCIO

Desde jovem que Âncio gostava muito de ajudar os outros, principalmente a sua família.
Seus pais adoeciam frequentemente e ele sentia-se descontente por não os poder auxiliar mais, então decidiu seguir o ramo da Medicina. Empenhou-se muito nos estudos e foi para a universidade por terem posses. O rapaz, filho único, estudou e, apesar de ter sofrido, se formou em Médico de Clínica Geral.
O pai e a mãe ficaram orgulhosos com o sucesso do filho ao conseguir um diploma com média final de dezoito valores. Não tardou que Âncio lhes pagasse uma boa parte do dinheiro. Tratou-lhes sempre com muito carinho, cuidando mais de perto das suas necessidades médicas, estando eternamente grato pela bondade de ambos.
Ajudou instituições de caridade e deu consultas de graça para diversas pessoas. Foi no consultório que conheceu a mulher com quem se casou. Era uma viúva jovem com uma criança de três anos. Estava bastante abatida com a sua solidão, as febres frequentes da filha e o salário baixo.
Âncio curou-lhe a filha e Aita sentiu-se tão feliz com a saúde de Ina que foi ao consultório do médico e ofereceu-lhe uma garrafa de vinho dizendo:
-Não lhe posso dar muito, mas estou-lhe tão agradecida que vejo-me na obrigação de lhe dar alguma coisa.
Ele agradeceu e convidou-a para jantar. Ela acabou por aceitar, deixando a filha aos cuidados da mãe, com quem morava.
Posteriormente, mais encontros surgiram. Aita abandonou o emprego de empregada doméstica, passando a trabalhar no hospital onde Âncio passava muitas horas.
Após dois anos houve casamento. Tempos depois nasceu um rapazinho, ao qual puseram o nome de Cúdio.
Por vezes Aita, Ina e Cúdio, sentiam a falta do chefe de família, pois não lhe era possível estar presente em todas as ocasiões. Haviam dias em que as crianças também sentiam a falta da mãe, passando bastante tempo com os avós.
Os anos passaram e os pais de Âncio partiram deste mundo. A casa deles passou a servir a comunidade, tratando e abrigando desalojados, na parte de baixo e criando uma instituição para ajudar em diversos assuntos, na parte de cima.
Tanto o filho como a filha, puderam estudar e tirar um curso, seguindo as pegadas do pai, na área da saúde e da assistência social, respectivamente.
Graças a Deus não lhes faltava nada e poderiam auxiliar outras pessoas sem passarem dificuldades. Eram uma família adorada por todos, por isso sentiam-se realizados.
Âncio, apesar de ter pouco tempo para se divertir e viajar com a família, não queria preocupar-se com isso, pois se não fosse esse trabalho intensivo para a Medicina, não poderiam ter o privilégio de certas regalias: não teriam a luxuosa casa que lhes dava aconchego, nem manteriam o edifício de caridade.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

SE EU NÃO SEI ONDE ESTOU

Se eu não sei onde estou
Foi porque me perdi,
Se eu me esqueci de ti
Não és ninguém;
Se eu mentir e desistir
Não me perdoes,
Se eu quiser fugir
Deixa-me aqui;
Pois eu não sou quem tanto queres
Não sou teu ideal,
Esquece-me e parte já
Vai à tua vida,
Não quero fazer sofrer
Quem não merece;
Pois eu não tenho nada para dar
Nem a minha vida.

Se um dia me arrepender
E te quiser
Sei que não virás.
Se um dia te amar
E te quiser
Sei que tu não voltarás.
Pois eu não sou quem querias,
Não fui teu ideal,
Esquece-me p'ra sempre
E terás alguém.

domingo, 14 de novembro de 2010

MEU GATINHO

Ai coitadinho
Do meu gatinho!
Ele não tem nenhuma paixão!...
Ainda não encontrou
Quem lhe conquistasse o coração...
Está preso
E quer liberdade,
Mas o preço
É a eternidade,
Do qual tem pavor.










COPIÃO

És um copião,
Um grande copiador!
Deves ser um campeão
Por seres assim!...

Andas sempre no corredor
Que não tem fim.

Vigias as letras
Sempre com olhar fiel.

Algumas saem do papel,
Copias para o chão.

Se as palavras
Dizem tretas
Dás a volta ao texto
E... ele vai para o tecto.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

MUITAS VEZES

Certas vezes penso
Que sou a única
E a última justa
Neste mundo imenso.

Às vezes me arrependo
De não fazer
Nada de estupendo
Para arranjar
O mal que se vê.

Muitas vezes não sou
Aquilo que pensei ser
E não faço tudo o que queria.

Os caminhos que vou
Fazem-me acreditar
Que sou aquilo que sou
Por saber perdoar
E por ser alguém normal
Neste mundo de anormais,
Por conhecer e diferenciar
O Bem do Mal,
Por pensar diferente dos demais.

Mesmo que em certas
Circunstâncias
Meu pensamento
Não esteja 100%
Correcto
Hei-de chegar à meta
Obrigatória
Desta vida transitória.

FRIEZA

Quero que percebas
Que comigo
Não consegues
Nada.
Eu não sou aquela
Que sofre calada,
O que tenho a dizer digo
E sou capaz
De te ajudar, mendigo,
A teres a vida que quiseres.

Tu és pobre,
Não de dinheiro,
Mas de ideias
Para me conquistares,
Por isso não chegarás
Cá porque eu sou a rainha
Que está no pedestal
E tu um velho chanfrado
A arranjar
O meu quintal.

Pensas que conquistar
Alguém é como plantar batatas
Ou apanhar borboletas?

Porém, tu um dia vais
Compreender...
Só espero não ser
Tarde demais,
Para que te possa aceitar
Outra vez como parte
Da minha vida.

ONDAS CONFIDENTES

Conto as minhas mágoas
Às limpas águas
Deste mar,
Porque sei
Que a ninguém
As vão contar.

Levam as minhas mágoas
Estas límpidas águas
Do mar matreiro
Que bloqueia
A vida a quem é demasiado
Aventureiro.

Não culpem o mar
Por alguém os roubar,
Ele só é traiçoeiro
Para quem se arma
Em arqueiro.

Quem brinca
Com o fogo
Queima-se.
Quem brinca
Com as ondas
Afoga-se.

22 de Setembro de 2003

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

CRÓNICA - O ESPÍRITO SANTO

Quando terminou o I Domingo de Páscoa começou logo a azáfama para quem tinha o Espírito Santo em sua casa. Ele é o símbolo da paz, representado por uma pomba branca, pela água benta, pelas nuvens, pelo vento, pelo óleo e pelo fogo.
Durante oito domingos vários imperadores levam-No (várias coroas do Divino Espírito Santo enfeitadas de flores brancas plásticas) em romagem a pé até à igreja (função) (onde são bentas e postas nas cabeças dos escolhidos) e torna-se uma coroação que se segue para entregá-Lo, em romaria, a casa de outra pessoa que tenha promessa para pagar.
Depois da chegada ao local de almoço há o oferecimento de esmolas de sopa com carne e cozido à portuguesa com pão de milho e massa-sovada (pão doce) juntamente com uma garrafa de sumo a quem queira ou precise e dá-se almoço aos convidados, em local apropriado para o evento, como as Casas do Povo ou Salões Recreativos, antigamente algumas pessoas faziam sombreiros, ou seja, barracões para colocar mesas e servir o almoço em suas casas.
Foi a Rainha Santa Isabel, na Vila de Alenquer, em Portugal Continental, que iniciou esse culto para ajudar os mais necessitados com comida. Porém, tal tradição veio para o arquipélago açoreano com os povoadores no século XVI. Começaram as Coroações devido à ocorrência de catástrofes vulcânicas.
Ao chegar o Domingo de Pentecostes dá-se o primeiro Bodo onde é distribuído pão e vinho (e, por vezes, massa-sovada) pelos mordomos aos presentes, em local de destaque de cada localidade. Nesse dia também há uma Função com coroação. A filarmónica local toca e pode-se ver carros de toldos com inúmeras iguarias onde as pessoas passam a tarde a petiscar na algazarra. Acontecem as arrematações e escolhem-se os próximos devotos para continuarem com a tradição. No Domingo da Santíssima Trindade dá-se o mesmo acontecimento.
A freguesia fulcral para tal tradição é a da Vila Nova, pertencente à zona do Ramo Grande, onde se encontram quinzenas de carros de toldo, mas a Vila das Lajes também adere bastante e já apresentou uma dezena de carros do bodo. Agualva e S. Brás são outras das localidades com presença forte de carros de toldo.
O concelho de Angra do Heroísmo também apresenta alguns carros de toldo, como é o caso da Vila de S. Sebastião.
Eu costumo participar nessas festividades todas e adoro. Em tempos, familiares meus, de diversas freguesias, levavam um carro de toldo e petiscos para passarem os dois bodos no adro da igreja.

SORRI, NÃO DEMONSTRES

Se a vida não te sorri
Não o digas a ninguém,
Depois é pior para ti
E para os outros também.

Quando estiveres triste
Não o demonstres,
Sorri,
Mesmo para os teus inimigos,
Dá conselhos aos teus amigos,
Não te sintas um traste,
Finge...
E não demonstres.

Não há nada a perder,
Só ficamos a ganhar
Em aos outros demonstrar
Que somos capazes
De enfrentar
Os problemas da vida,
Que muitas vezes
Nos prega uma partida.

INTERESSA É O QUE ESTÁ ESCRITO

A rubrica de alguém
São rabiscos no papel,
Para que não haja ninguém
Que a desvende.
E está cada vez pior:
Aparecem-nos à frente
Uns gatafunhos
Sem eira nem beira,
Desde a última letra
À derradeira;
Os rabiscos são riscos,
Servem como rascunho
Para a letra ser diferente.

As pessoas não sabem
Como o seu nome escrever
E rabiscam para se entreterem,
Parecem que não querem
Dar-se a conhecer
E disfarçam a letra
Para ninguém perceber.

Que façam o que bem entenderem
E que digam de mim o que quiserem,
Pois a minha letra também não é perfeita,
É rabiscada e estreita,
Mas o que interessa é o que está escrito
E não a maneira como é visto.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

MARIA LEONOR

Já 1 ano está a fazer
A Maria Leonor,
Os dentinhos já podemos ver.

Tem sempre calor,
Nunca pára.
Tem muita genica,
É uma bebé única.

Chupa no dedo
E quer sempre um brinquedo,
Não é rara.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

PACIENTE

Unir as forças em momento de crise,
Passar despercebida entre a multidão,
Jogar pelo seguro e não arriscar,
Agir prudentemente e não confessar
As nossas fraquezas,
Nunca perder a esperança,
Desviar-se dos maus caminhos,
Enfrentar o perigo,
Plantar searas de amor,
Dar graças a Deus cada dia
Que se passa e se vive,
Vencer todas as barreiras,
Permanecer com espírito jovem,
Abraçar os amigos,
Entreter as crianças,
Sorrir para o mundo,
Só essa pessoa tem
Felicidade no seu coração.

MIRAGEM

Consigo isto
e tenho aquilo
na miragem dum segundo,
saio de mim no íntimo profundo
fixando tudo o que vier,
todo o conteúdo;
não tenho medo de perder
para ganhar o juízo
necessário a dar
nas palavras imaginárias
imagens incríveis
para a vida
limpa de cinismo
macabro caudaloso
na espinosa dor
de sofrimento eterno.

As páginas rolam
nas palavras da minha imagem
que é a tua no espelho
partido do destino
verde fluorescente
pintado de vermelho
com bolas pretas,
nenúfares naufragados
da peste negra
louca por ti
nos rios mais fiéis
da aurora nua
por um momento de delírio
perfeito para a paz
instalada na trave
do veículo seguro
das mãos raras brancas
brumas da cidade perdida
no instante inóspito
cheio bravo vazio da claridade
da tua luz raridade
ofuscada nas sombras vãs
dum candelabro quebrado
na escuridão dum nível
abafado de raiva e suor.

SINCERIDADE

“A sinceridade é princípio e fim de todas as coisas. Sem a sinceridade nada seria
possível.” (Confúcio, excerto da colecção Tesouro da Juventude, volume 7)

Sem ela não conseguimos perceber o que é certo ou errado;
Sem ela não podemos dizer a verdade.
Com a sinceridade somos pessoas melhores e temos valor.
Quem despreza a sinceridade despreza-se a si mesmo
E reduz-se ao vazio de não ser nada.
Quem não utiliza a sinceridade na sua vida
Não sabe o prazer que é dizer alguma coisa que tenhamos a certeza que é verdadeira.
Quem me dera conhecer a sinceridade e tocar-lhe como toco numa pessoa!
Quem me dera vê-la como vejo a minha imagem no espelho!...
Porém, ela é tão superior como um deus que os nossos olhos não a conseguem observar.
Para ela existir basta que acreditemos nela.

SILÊNCIO

Tu és Poema,
Mensagem.
Este Caminho
Que ando a percorrer.

Tu és Sonho,
Viagem.
O meu Destino.
O que me faz viver.

Tu és o Tempo!
A Música.
És um Mundo
Que só me atiça.

Tu és o Vento!
A Magia.
Um Problema
Que me enfeitiça.

13 de Dezembro de 2002

MATURIDADE DOS SENTIMENTOS

O sentido ou direcção
Que a vida atravessa
Já não me interessa.
Desisti de voar pelos ares
Há procura da paixão,
Vou guardar entre as árvores
Minha perpétua solidão.
Vou pensar que é cedo
Para ter alguém
E viver sem medo,
Isolada, sem ninguém.
Nessas coisas do coração
Nem quero pensar,
Tudo irá surgir
Sem eu reparar,
Mas não vou mentir…
O que sinto por ti
É mais que amor,
Algo que vive em mim,
Sentimento Desesperador.

2002/2003

HÁ SEMPRE REMÉDIO PARA TUDO

Não interessa se me olham,
Se me invejam
Ou me desejam,
Sou dona do meu nariz.

Não suporto que roguem,
Inventem
Ou digam
Coisas que não fiz.

Mas se por acaso
Isso acontecer,
Nada tenho a temer,
Deus sabe a verdade
E testemunha minha dignidade.

Se alguma vez eu errar,
E esse alguém tiver razão,
À que não perder a noção
Do que é bom e remediar,
Porque há sempre remédio para tudo
E ninguém é sábio no mundo.

Não temas nada
E segue em frente,
A tua estrada
É a mais decente.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

NOITE VS DIA

O Céu à Noite
Torna-se mais escuro
E a chuva cai em mim.
As insónias atacam...
Minha vida de morcega chega!!!
«-Onde estão os prazeres
Ínfimos da Noite?»

Espero sempre o brilho
Da luz do Dia para me aquecer
Os olhos, embalar
E fazer dormir.
Só tenho sossego à luz do sol,
A Noite não me deixa descansar...
E logo agora que é Inverno!

Dormir mal influencia o Dia,
Porque o sono rouba-nos
Os prazeres da claridade
E do trabalho às claras.

sábado, 9 de outubro de 2010

AMOR OCULTO

Sei que esse amor profundo
Não tenho coragem de to dizer.
Vivo apenas no meu mundo
Com medo de me fazeres sofrer.

Sei que esse olhar querido
Mostra que não te quero perder.
Sei que te amo escondido
Mas nunca te vou esquecer.

Não tenho a certeza se sou correspondida,
Talvez, por isso, meu amor fique oculto,
Pois tenho medo de plantar em mim uma ferida
Se por acaso receber de ti um insulto.

2002/2011

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

CONHECIMENTO

Se eu quero o sol
Não preciso de luz,
Apenas do dia.

Se eu quero a lua
Não preciso de dinheiro,
Apenas da noite.

Se eu quero o mundo
Não preciso do planeta,
Apenas do mapa.

Se eu quero a vida
Não preciso de drogas,
Apenas de nascer.

Se eu quero o amor
Não preciso de ti,
Apenas de coração.

Se eu quero a felicidade
Não preciso de coisas,
Apenas de sentimentos.

Se eu quero compreensão
Não preciso de me confessar,
Apenas de dialogar.

Se eu quero caminhar
Não preciso de sapatos,
Apenas de pés.

Se eu quero pensar
Não preciso de cabeça,
Apenas de cérebro.

Se eu quero saber
Não preciso de perguntar,
Apenas de procurar.

Se eu quero escrever
Não preciso de papel,
Apenas de caneta.

Se eu quero ver
Não preciso de olhar,
Apenas de visão.

Se eu quero comer
Não preciso de fome,
Apenas de boca.

Se eu quero me divertir
Não preciso de sair,
Apenas de rir.

domingo, 3 de outubro de 2010

CAMPO

Ah, que cheiro a campo!
Que aroma a limpeza,
A pureza e a natureza!

Tudo isto é um encanto
Que não canso de louvar!
Se tu te cansas tanto
É porque só pensas em trabalhar.

Esta beleza é melhor que tudo:
É a inspiração
Dum silencioso coração
A pensar na maneira
De se atirar a uma ideia
Na aventura de um aroma.

A fragilidade
Do campo mostra
A perfeição, a feminilidade,
O brilho especial
Das flores e dum amor.

ÀRVORE

O canto da árvore
É dito sem vírgulas,
Pontos, travessões
Ou pequenas pausas;

Dum só fôlego
Vemos se desenrolar
Uma narrativa interessante,
Sábia, augusta, antiga
E bela, de nobres sentimentos.

Cada árvore tem algo
Para nos contar
Basta que a saibamos
Decifrar.

Um dia só pode
Amanhecer na perfeição
Se uma sombra de árvore
Me aquecer o coração.

Quem não respira
O ar puro da natureza
Com poucos anos de vida fica,
Perde o brilho e a destreza.

RESPOSTAS

Não vale a pena pensar
Em coisas que me possam perturbar.
Vou abraçar a vida
Como uma onda abarca o mar
Para não se sentir perdida
Sem nada para dar.

Quero ser livre como um condor,
Uma gaivota a voar...
Só aí vou encontrar o amor
Que tenho vindo a guardar.
Os pensamentos maus ficam para trás
Porque pretendo alcançar a paz.

A vida é o elo da realidade
Com a vontade de agir.
Só se consegue a verdade
Se não se deixar de lutar.
Eu já consegui me libertar
Do mal que me andava a perseguir.

Os devaneios que senti
Tornaram-se actos lúcidos,
Porque a vida que vivi
Deu-me trunfos valiosos
Para enfrentar cais tenebrosos
Com sonhos perdidos.

Cá um de nós tem um amigo
Dentro de si que precisa descobrir.
A voz da tua consciência
É a melhor aliada, tem paciência
Para te dizer o que queres ouvir:
Não desanimes e enfrenta o inimigo!

Estas respostas que eu encontrei
No meu interior
Foi devido ao que eu já passei,
Às pessoas com quem falei
E me aconselharam
Com ternura e amor.

OPORTUNIDADES

Oportunidades existem muitas
E situações parecidas também.
Resta ter a audácia
De não cometer o mesmo erro
Duas ou três vezes.

Há sempre oportunidades
Para quem for perspicaz
E as quiser agarrar!

A vida é como um jogo de cartas:
Quando uma jogada passa,
E vemos que perdemos uma oportunidade
De jogar tal carta
E, porventura, vir a ganhar,
Pensamos que não há volta a dar.
Porém, há excepções...
Pode aparecer uma nova possibilidade
De aproveitarmos a vasa:
De recuperarmos o que perdemos,
De esclarecermos as coisas,
E acabar tudo da melhor maneira.

Há que ser sensível
E reparar nas pequenas coisas
Que acontecem à nossa volta,
Para não deixar escapar
Um instante valiosíssimo,
Deixá-lo ir pode influenciar
Uma vida inteira...

Prestem atenção
Ao que acontece em cada dia
Para que não se arrependam
Mais tarde.
Contudo, quando perceberem
Que meteram mesmo o pé na poça
E acabou as oportunidades,
Parem de ruminar a situação,
Não faz bem ao coração.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

SANTAMARIA

SANTAMARIA, um grupo de encantar,
Antes e depois do CD escutar.
Ninguém sabe ficar sem dançar,
Tanto ritmo faz-nos 'explodir',
Admirar mais, não parar de vos ouvir.
Muita energia conseguem transmitir!
A fama não vos modifica,
Resplandece vossa personalidade rica!
Inteligentes, é palavra big but small...
Atenção!... Esse grupo é o melhor de Portugal!...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

GATO COM 2 PERNAS

Um gato com duas pernas
Passeou na avenida,
Escreveu com várias penas
A história da sua vida.

O gato com duas pernas
Atravessou oceanos,
Voltou ao tempo das cavernas
E parou em todos os anos.

A MEU FAVOR

Por gostar de ti
Pus na tua boca
As palavras que não disseste,
Mas querias ter dito.

Para não me sentir
Tão só e triste
Pensei e fiz as coisas
À minha maneira
E resolvi charadas
Complicadas
Com um simples sorriso
Sem cometer
Nenhuma asneira.

Agora adoro a vida!

A vida tem cor,
Basta que eu use
A imaginação
E ponha a meu favor
Quaisquer situações.

Está nas minhas mãos
A minha felicidade.
Tudo é mar de rosas
Se eu quiser,
Só tenho que ruminar
Menos as situações
Desagradáveis
E levá-las para o meu lugar
Favorito - imaginação -
Transformá-las em feixe de luz
Radioso, luminoso, precioso,
Raro e harmonioso
Para mim.

27 de Julho de 2005

LUPI

A minha gata
Tem duas patas
De vez em quando,
Dá saltos como acrobata,
Gosta de poemas
E não está amando.

Ela dança devagarinho
Para não cair,
Não tem medo de música,
Não é como o gatinho
Que quer fugir,
Tem mais genica.

Esta gatinha
Já morreu
E deixou saudade.
Era pretinha.
Foi para o céu
Com 8 anos de idade.

sábado, 11 de setembro de 2010

SENTENÇAS

Passa um dia após o outro
E nada muda pró progresso.
Que regularidade!

SÁBIOS ignorados
Nas bermas duma estrada qualquer.
POETAS maltratados
A quem não lhes dão valor sequer.

MIÚDOS abandonados
A precisarem de abrigo e lar.
ALUNOS indisciplinados
A quem é dado o privilégio de estudar.

A VIDA é paga
Por um preço alto
E o consumidor trabalha
Sem ver o salário de imediato.

O cinismo acabrunha
A Penitência enjaulada
Comunicando sentenças
A quem vive presenças
De ignotas passagens.

Pesca raminhos de comunhão,
Deita fogo na solidão
e encaixa em mim a paz
Porque eu preciso dela
Para que a minha corrida
Neste mundo seja menos cansativa.

Dá-me um momento de glória
Com a força da tua fé, meu DEUS!
Não posso ter sempre a vitória,
Mas ao menos que possa
Saltar por cima duma humilhação.

Os mesquinhos não me afectam
Porque deles está longe a fé,
São uns infelizes
Por viverem afastados da compreensão.

A VIDA NÃO É FÁCIL

A Vida não é fácil:
Não existem sempre
Pessoas ao redor
Para nos defenderem.

Há certas alturas
Em que temos
De nos desenrascar sozinhos.

As asas da protecção
Fecham-se a determinada ocasião
E há que nos prepararmos
Para enfrentar a multidão,
o inimigo e a confusão
Sem chorar ou baixar os braços.

Pensemos que existe
Sempre alguém em pior situação que nós
Para não nos sentirmos decaídos.

Olhemos para o fundo do túnel
Vendo sempre a luz da esperança.

Os ferimentos não são eternos
E cabe a nós colocar-lhes um travão.

Para quê descer aos infernos
Se há tão perto o calor do verão?

Esvaziemos os copos das tempestades;
Implantemos frescura nas herdades
Da nossa vida escondida
E não tenhamos medo de dar a cara.
Não nos ocultemos atrás de nada
Que nos possa dar o indício de fracasso,
De receio, de incerteza e de solidão interior.

A força será a nossa constante
Para que o quotidiano não perca a graça,
O ritmo, a vontade, a certeza, a felicidade.
Tudo em nós tem de ser engendrado
De uma maneira a que a vitória
Esteja associada ao nome da nossa pessoa.

FUGA

Contei os meus infortúnios À injustiça
para tentar alcançar paz em mim,
Mas gastei os mistérios de lagos sem fim
Nas abóbadas da vida enfeitiçada com jasmim
E desperdiçada como as ervas dum jardim
cheio de glória, cor da flor de cortiça.

Já não me aguento a mim mesma!...
A preguiça é mesmo tanta
Que sinto-me uma lesma
Que sozinha por aí anda
Nas avenidas da escuridão macabra,
Marcada por um infortúnio de marca.

Gemo palavras incompreensíveis,
Rasgo papéis de carrasco e dor
Na purificação de um acto de amor
Manchado duma chama quente
Com um retrato de gente
Bordado na luz a mísseis.

Apanho formigas. é um acto de fuga
À monotonia desta vida abjecta!
arranjo desculpas para tudo o que me afecta
E atiro-me de cabeça em tudo o que faço
sem liberdade, lei gasta ou luta,
Que me leve para fora num só laço.

GRITOS DE ALMA

1.
A experiência
É a ausência
De consciência.

Tudo se destrói
Do mesmo modo
Que se constrói.

As coisas surgem
espontaneamente
E emergem
Do fundo
Para a superfície
Em instantes desconhecidos.

Não vale a pena
Querer saber
Porque é assim
E não deixa de ser.

Há que aceitar
Os erros e aprender
Para vir a crescer
exponencialmente
Em espírito e mente.

O que já aconteceu
É sempre uma lição,
Mesmo para quem não percebeu
Deixou de ser em vão.

2.
Canto na voragem
Da minha miragem
Na aparição
De aparição
De nova confraternização
De paz, raio e juízo...

Sou o destino
Duma estátua
De cariz latino
Na angústia duma vida.

Caminho nas pedras
Da minha pedrada
De glorificação
De saída amaldiçoada
Por espíritos do nada.

Rumores de cobras
Baixam o meu suor.
Cai as lágrimas
Num sacrilégio
De estúpidos privilégios
Caiados de emoção
Na cruz de São Sebastião.

Na ferida derradeira
Há sempre uma simples culpa
Duma raiz dupla
De desejo e cor.

Anunciação de sacrifícios duplos
Sai dum país de cobres pobres!

TRANSPOSIÇÃO

Sobranceiro a despedida
Em actos de glória informal.

Ainda vejo o teu rosto de anjo
Que transmite negação!...

Fecho os olhos, baixo a cabeça
Tentando a indiferença,
Mas isso até me fica mal
Porque não sou assim na vida,
Transmito o que tenho no coração.

Ah, quem me dera ser diferente!
De cabeça ao léu controlando o leme
Navegando sem receios
Ultrapassando baías e cabos,
Rochedos elevados e perigosos,
Trespassando as sombras
Da solidão e incerteza
Incidindo sobre elas
Um foco de luz de firmeza!...

Quem seria eu se assim fosse?
Seria melhor pessoa?
Teria as virtudes que tenho?
Habitariam em mim sentimentos nobres?
Morreria mais cedo?
Seria arrogante e fria
Ou forte e corajosa?

Ai, perguntas incompletas
Dai-me distância!
Os poetas
Sabem responder com o instinto,
Mas não sabem se acertaram
Em cheio no infinito.

Se não sei a verdade inteira
O destino assim previu.
Não vou dar cabo da mioleira
A pensar em coisas que nunca se viu.

PESSIMISMO

Porquê andar atrás
De quem não me quer?

Porquê gastar tempo
Com palavras sem actos?

Porquê ficar assim
Na recta final da vida
Por alguém insensível?

Porquê perder o tempo
Da minha alma
Para me tornar invencível
Se acabo por escorregar
Na minha casca de banana?

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

PENSO EM TI

1.
Para escrever isto e tudo o que seja, penso em ti.
Penso em ti a cada palavra, a cada gesto,
Mas pensar não basta para que tu saibas o que eu sinto.
Porém, não consigo evitar e só penso e não ajo nada.
Fico parada no tempo enquanto ele anda e me persegue
Sem eu ver o momento que passa sem te encontrar.
Estás aqui tão perto e eu passo meses sem te ver,
Embora esteja a ver-te todos os dias na minha mente.
És como um anjo, um deus ou um ídolo que está presente e não se vê.
2.
Visto a melhor roupa para sair para o caso de te encontrar.
Não sei se é em vão, mas eu não desisto.
Gosto de sair para qualquer lugar
Mesmo que não seja importante.
Sei que não interessa o que se veste,
Mas sim o interior e o olhar,
Que muitas vezes transmite
O contrário do que a aparência mostra.
Coloco o melhor perfume para seduzir
Para se, por acaso, te vir
E passar ao teu lado para deixar uma marca em ti,
Embora já possa ter algo meu em ti.
3.
Não sei o que pensas nem sentes,
Mas tens algo atraente,
Dás-me esperança de não ser esquecida
E perdurar no teu coração, mente e vida.
Os anos passam e eu estou aqui
À espera que tu estejas à espera de mim.
Também pensei te ter esquecido,
Mas esse amor estava apenas adormecido
E a crescer cada vez mais.
4.
Escrever-te não é fácil,
Embora possa parecer,
Descrever-te mais difícil é,
Por não te conhecer bem.

Janeiro de 2007

CONTO - O BALOIÇO ENCANTADO

Certo dia a mãe do Hugo mandou-o ir à mercearia comprar manteiga para a mãe acabar de fazer o bolo. Hugo foi, mesmo não tendo pachorra, pois não queria ver a sua mãe zangada.
Quando ia a caminho da mercearia passou por um parque onde haviam baloiços e escorregas, que entretinham dois miúdos. Olhou o relógio e viu que ainda era cedo, não tinham passado mais do que dois minutos que saíra de casa.
Já lá iam quase duas horas e o rapaz não regressava.
A mãe começava a ficar em apuros:
- Mas o que terá acontecido ao Hugo? Terá tido um acidente?
E foi então que disse à filha mais nova para ir até à mercearia do Senhor Juvenal e que tentasse saber o que tinha acontecido ao irmão.
A rapariga foi e quando encontrou o irmão a andar de baloiço disse-lhe:
- A mãe está muito preocupada contigo. Vai ficar muito zangada quando souber que ainda não compraste nada.
O irmão não lhe respondeu.
Quando Dalila olhou para um baloiço vazio correu para ele como se esse o tivesse chamado e não disse mais nada.
Já estava a entardecer e a mãe dos pequenos estava furiosa por ainda não terem chegado. Daqui a nada o marido regressaria do trabalho e ela estava atrasada com o jantar e com o seu bolo de aniversário!
Então a mãe dirigiu-se ao mercado para ralhar com os filhos pelo atraso. Quando viu a filha puxou-a por um braço dizendo:
- Será que falei chinês! Não te mandei vir andar de baloiço... - Mas assim que olhou o baloiço despejado sentou-se nele.
Dalila puxou o irmão proferindo:
- Tens que ir comprar manteiga que a mãe está um fera.
O rapaz seguiu imediatamente para a mercearia.
Depois de ter comprado a barra de manteiga viu numa árvore um ninho de melro-preto. Olhou para os baloiços, que não ficavam longe dali, e viu a mãe e a irmã lá sentadas pensando:
«Estão entretidas. Posso muito bem ir buscar os melros ao ninho que minha mãe não vai brigar.»
O problema era subir a árvore. Tinha as mãos ocupadas com a manteiga! Foi então que teve uma ideia: colocou a embalagem de manteiga no caixote do lixo e subiu à árvore sem problemas. Ao avistar o ninho de perto tirou um melro, deixando lá dois. Quando tentava descer a mãe do pequerrucho surgiu e deu-lhe bicadas nas mãos. Hugo desequilibrou-se e escorregou da árvore caindo aos pés do pai. Este ao vê-lo perguntou zangado:
- Que andas tu a fazer? Quantas vezes já te avisaram para não ires aos ninhos?
Hugo levantou-se com o melro na mão. O pai puxou-lhe uma orelha para o ajudar a levantar-se e retirou o melro morto da mão do rapaz atirando-o para o caixote do lixo dizendo:
- Não fizeste mais nada senão matar um ser vivo.
Quando o pai virou costas ele foi ao caixote do lixo e retirou de lá a embalagem de manteiga.
O marido ao deparar-se com a esposa e a filha a andarem de baloiço ficou deveras admirado e ao ver o escorrega sozinho resolveu recordar os tempos de criança e ir dar uma voltinha nele.
Hugo olhava a cena pasmado pensando:
«Como é que os pais podem ralhar com os filhos se fazem coisas semelhantes?»
E depois começou-se a rir e foi ter com o pai colocando a embalagem da manteiga no boné e colocando-o na cabeça.




MORAL DA HISTÓRIA:
- "Quem quer vai, quem não quer manda;"
- "Se queres uma coisa bem feita tens que ser tu a fazê-la";
- "Faz o que eu digo e não o que eu faço";
- "Conforme é o pássaro assim é o ninho".

terça-feira, 17 de agosto de 2010

NINGUÉM MORRE

Ninguém morre sozinho,
Todos estamos ligados
E, de nós, vai um pedacinho
Com os antepassados.

Não nos falta bocados,
Então ninguém morreu
Ficaram partes no passado
Que já se esqueceu.

A VIDA

Crescer! Crescer!...
Pensar! Pensar!...
Sorrir! Sorrir!...
Sentir! Sentir!...
Amar! Amar!...
Morrer! Morrer!...

É preciso
Dar vida
Ao mundo
E fazer dum sorriso
O melhor Paraíso.

É preciso
Ter coragem
De sentir a liberdade
E aproveitá-la bem,
Porque a melhor vantagem,
Para chegar mais além,
É começar por não ser ninguém
Para outro alguém.

É preciso
Fingir não saber
Que a vida é transitória
E que vamos morrer.

TEMPO

1.
Às vezes, o tempo
Não é favorável, há tragédia,
Frio e trovoada.
Outras vezes é bom,
Brilha o sol e há tourada,
Festa, calor, vai-se à praia.

2.
O relógio está a andar
Há tanto tempo...
Quando será que nos encontramos?
Como o posso adiantar?
Será que dá tempo?
Temos de obedecê-lo,
Senão toda a gente está perdida.

Tenho de esperar
E dar tempo a esse tempo,
Quando ele achar
Que é naquela hora
Ele diz-me para avançar,
Mas, por enquanto... agora
Ainda não é o momento.

3.
Há tempos em que parece
Que o tempo
Tira o nosso tempo
Para se alongar
A si mesmo.
Será bom isso acontecer?
Se calhar é,
Assim todos têm mais tempo
Porque o tempo é mais longo.

4.
Dizem que o tempo
Cura tudo: talvez esqueça
Certas desilusões...
Mas oxalá que não desapareça
Da minha cabeça
Grandes lições!

Com o tempo vêm:
A esperança,
A saudade
E a recusa,
Uma viagem,
Longa aliança,
Duradoura amizade,
Mais uma blusa.

5.
Com o passar do tempo
São levados aqueles
Que mais queremos
E não podemos
Evitar.

Algumas vezes,
Com o tempo,
Vêm problemas
Que custam a passar
E que temos
De ultrapassar
Para continuar.

AMIGOS

Se queres ter amigos
Preciosos e duradouros,
Fá-los sorrir.
Atraem como ouro.

Se não queres a solidão
E tens espaço no coração
Escolhe um tema engraçado
E entra na conversa um bocado.

Se precisas amigos
Para servir-te de abrigo
Fá-los sorrir
E o Inferno fica Paraíso.

Se não sabes o que dizer
E tens vergonha de falar
O melhor é esquecer,
Porque assim não vai dar.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

ESCREVER

Sentada, até me fartar,
Ouço o que me vem à cabeça
E espero guardar
O que de melhor apareça.

Se o destino assim quis
Eu vou escrever poemas,
Mas, se acaso, não tiver sucesso
Há-de haver muitas penas
A cair do meu regaço
Porque escrever é uma magia
E eu sinto um abraço
Mesmo estando vazia.

A caneta não consegue apanhar
Tudo o que vem à memória,
Mas hei-de encontrar
Algo para escrever uma história
Que eu conto sem contar
Na estante que é a vida
Cheia de livros para desvendar,
Cheia de cânticos e perdida
No orvalho que amanhece
Todos os dias sem chorar
E que sempre nos enaltece
Por não nos querer dar
A sua melhor chuva,
Pois tem pena da amiga
Que pula de uva em uva
À espera duma briga.

Hoje já está a findar
Não vai poder ser,
Mas no futuro vai dar
Para escrever sem me aborrecer.

Pois a escrever
Dá-se uma lição
Para se perceber
De onde vem a emoção.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

A CLONAGEM

A Clonagem
É uma "colagem"
De nós próprios
Num ser laboratorial
Fisicamente igual.

Hoje em dia
É muito falada.
Para uns pode trazer
Medo e agonia,
Causar confusão;
Mas para outros é boa estrada
E pode até ser
A única salvação.

Em que é que ficamos?
Andamos ou paramos?

ARANHA

Aranha
Não venha
Me incomodar,
O meu gato te arranha
Com ou sem manha
Preparado
E zangado,
Destinado
A te papar.

LIÇÃO

Não podemos criticar alguém negativamente,
Pois podemos fazer pior.

Cada coisa tem o seu lugar
Mesmo que não pareça.
Nada modifica o passado,
Apenas se pode semear
Um futuro melhor.

As respostas do além
Não as deves esperar,
Mas seguir em frente
Sempre com a cabeça direita.

Nunca foi algo anormal
A viagem no tempo,
Mas sem pudor tudo se revolve
Na mesma etapa, no mesmo som.

A imaginação implora
Muitas coisas a render
E depois o coração chora
Quando se vê a sofrer.

Tudo assim tem de ser
Para mastigar o horizonte,
Mas de repente muda
E segue a água pela fonte
Procurando novo ribeiro.

Acabamos sempre com a ponta afiada
Apontada para nós,
Podemos disfarçar,
Mas ficam sempre contra.

REFLEXÃO SOBRE AS PESSOAS

As pessoas nem sempre são aquilo que pensamos ou que julgamos delas.
A distância, às vezes, é boa.
Distantes sabemos menos uns dos outros e a confiança já é menor.
Custa a acreditar que nos erramos e que aquela pessoa com quem simpatizamos não existe ou desapareceu!
As coisas não devem ser bem assim; ainda acredito, ainda tenho esperança no mundo e nas pessoas.
Acredito que por detrás da face fria existe uma oculta doce e serena.
Cada um de nós percebe o outro pela maneira que o vê.
Só quem lida com o outro sabe, percebe e acredita nele.
Quem nunca conviveu, falou ou viu uma pessoa não a pode julgar apenas pelo que ouve falar dela.

Um nome não diz muito duma pessoa, é apenas uma palavra entre todas as pessoas com os mesmos nomes.
Cada pessoa, mesmo com o nome comum a muitas outras, é diferente e única, sendo temperada pela vida que levou até ao momento.

Quem estuda mais tem uma visão mais alargada das coisas e é capaz de perceber melhor o que cada pessoa faz e porque o faz, ao contrário de quem tem pouco estudo, logo pouco conhecimento intelectual, e pensa que as coisas só podem ser de uma determinada forma e que as pessoas agem quase sempre com segundas intenções. Bem, depende muito das pessoas e daquilo que já passaram...
Apesar de pensarmos que somos todos iguais não se deve julgar os outros em conformidade com aquilo que sabemos das pessoas e de nós próprios, cada um é diferente, mesmo que seja apenas um milímetro.

IR A UMA TOURADA

Ir a uma tourada
E não comer nada
Para alguns é sacrifício.

Um touro capear
Ou até puxar
É um duro, duro ofício.

Muita gente
Está presente
Numa tourada
E simplesmente
Lá não faz nada.

Vou-me sentar
Para ver o touro correr
No areal desta festa;
Vou observar
O que está a acontecer
Numa tarde como esta.

SOMOS TÃO DIFERENTES!

Somos tão diferentes!
Nosso relacionamento
Nunca daria certo
Porque nós somos
Como madeira e fogo,
Não posso aproximar-me de ti,
Pois tu nunca gostaste de mim,
Queimas-me de qualquer maneira.

Somos tão diferentes!
Impossível viver assim...
Este amor teve seu fim
Porque nós somos
Como madeira e fogo,
Não dá para ficar perto de ti,
Pois tua chama não gosta de mim
E torna-se muito traiçoeira.

2003

UM HOMEM

Um homem teve um sonho
E esse homem eras tu;
Não estás aqui e ouço
A tua voz porque brilha o sol.

Um homem que nasce
E pertence ao passado.

Os velhos trabalham:
- Eu fico bem aqui
Nas searas trabalhando,
No duro vergo-me
À espera da esperança
Me hipnotizar.- Disse um.

Um homem encontra-te
E esse homem é livre,
Mais livre que imaginas.
Olha para as pessoas
Do Céu e preenche a lua,
Encontra as flores
E traz para aqui.
Desafia-me.

Memórias que fecham
A porta na mesma hora
Que se abre
A verdadeira história.

Olha para o cristal
E deixa-te levar,
Sente que és igual
A quem te olhar.

domingo, 20 de junho de 2010

EM DIA DE SOL

Uma pomba vai voando
E o meu cabelo flutuando.
Espero que a rima
Não se vá embora,
Quero a inspiração.

Vou descendo...
Não te vejo e agora?
Porém, estou sorrindo,
Pois o sol ilumina
O meu coração!

Vou sofrendo...
Esta tarde demora...
Queria ouvir minha paixão.
Ele é tão lindo
E não está na minha sina!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

ESPERAR

Esperar, esperar...
Sem que seja impacientemente
Até faz bem a qualquer
Pessoa que se considere gente.

Esperar é ter paciência,
É uma virtude declarada.
Quem sabe esperar
Pode conseguir tudo o que quiser.

"Quem espera sempre alcança".

Saber esperar é das melhores
Coisas, quem não o sabe
Com certeza não vive bem,
Pois o stress toma-lhe conta da vida.

Nada se consegue sem esforço
E sem calma.

Quem quiser vencer
Terá de se submeter
Ás diversas provações
Que o destino lhe impõe.

Quem é forte, perseverante,
Calmo e paciente
Alcança o que deseja;
Por ventura, quem
Isso não for, ou seja,
Desista ao menor obstáculo,
Nunca estará preparado
Para nada da vida.

Quem não desiste tem tudo!

Aquele que tiver fraqueza
Perder-se-á a meio do caminho.

COMERCIANTE

Se eu fosse comerciante
Ficava muito distante
Da minha linda família,
Mas de fome não morria,
Porque eu sempre comia
Essas frutas que vendia.

TU

Tudo à nossa volta
É como um rio espumoso.
Limpa a revolta,
Sê mais corajoso...

Quando te estou a esquecer
Apareces sempre com mais força.
É impossível não te ver...
Meu coração sempre te ouve.

NÃO É ASSIM

1
Pássaros não é certamente
E o vento não bate assim,
Fui ver um tronco
De árvore caíra.

2
Não é preguiça
E febre não é assim,
Pensei melhor
E descobri que era sono.

SUJEITO POÉTICO DESCONHECIDO

Uma flor, uma paisagem,
Uma canção, uma bobagem
Escrita nas estrelas
A pensar como são belas
E às vezes ilusórias
Por não serem como nas histórias
E não realizarem desejos
Tão singelos como beijos.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Conto - A VIDA DE LAURA

Laura era uma mocinha de olhos azuis, cabelo claro, muito orgulhosa e trabalhadora. Gostava de tudo, mas como era pobre, não podia ter muito.
Vivia com seus pais: Joaquim e Maria e cinco irmãos. Trabalhavam na terra, a ceifar, a lavrar, etc..., e ainda tinham que cuidar das cinco vaquinhas que tinham. Laura ficou a cuidar do pai e das cinco vaquinhas até que tiveram que vender as vacas e Laura empregou-se numa fábrica de tabaco.
O tempo foi passando e Laura já tinha vinte e oito anos e nunca tinha namorado ninguém e isso preocupava o seu pai velhinho e doente. Ele tinha um amigo viúvo, com sessenta anos, chamado José Narciso, era um homem rico já tinha ido à América, tinha dinheiro e algumas propriedades. Joaquim achava que ele era um bom homem para a filha. Falou nisso a José Narciso e é claro, ele concordou logo, ficando contentíssimo por ter uma esposa tão nova. Mas Laura não gostou nada da ideia de seu pai, mas para não o contrariar, já que ele estava doente e muito velhinho, aceitou.
Daí alguns meses, Laura casou com José Narciso deixando o seu pai na casa de Francisca, irmã de Laura. Um mês depois, ele morreu.
Laura viveu o seu casamento muito angustiada, não gostava do seu marido e ele brigava muito com ela.
Nove meses depois, nasceu um filho chamado Joãozinho. Quando ele tinha 4 anos seu pai morreu, Laura ficou a cuidar do filho. Foi morar com sua irmã Francisca. E perto da casa dela, vivia um viúvo, Chico Valadão, que não tinha filhos. Mas estragava o dinheiro todo que lhe aparecia. Apaixonou-se por Laura e casaram.
laura tinha algum dinheiro e algumas terras que o falecido marido deixara para o filho Joãozinho.
Mas Chico começou logo a fazer negócios mal feitos e Laura teve que vender as propriedades do filho e dar dinheiro para pagar as dívidas de Chico. Ela teve que ir trabalhar com dois filhos pequenos. O Joãozinho começou também a trabalhar muito cedo, pois o Padrasto era mau para ele e nem o deixava ir à escola, para que trabalhasse na Lavoura que eles tinham. Enquanto o filho de Chico não fazia nada, só brincava e ia para a escola.
Joãozinho era o escravo analfabeto, trabalhava em casa de um lavrador rico e à tarde era na Lavoura de seu Padrasto. Levantava-se cedo, ia tirar o leite das vacas, enquanto o Chico ficava na cama. Depois de vender o leite é que ia para o seu trablho mudar o gado e cultivar a terra do rico Agricultor.
Laura sofria com tudo isto, mas não podia fazer nada. Joãozinho apanhava muita chuva, secava a roupa no corpo. Quando já chegou a jovem, dezanove ou vinte anos, adoeceu, mas tratou-se e ficou bom.
Aos vinte e quatro anos, casou, mas seu Padrasto não lhe queria dar dinheiro e o Joãozinho arranjou um emprego na fábrica de tabaco e então, aí, guardou algum dinheiro que ia dando para viver com a esposa.
Chico Valadão vivia com dois filhos e a esposa. Mas o filho António foi para o Ultramar, servir a tropa durante quatro anos. Enquanto António esteve fora, o seu pai morreu e Laura ficou sozinha com a filha Margarida.
Trabalharam muito para ganahr dinheiro e preparar o Casamento dos dois filhos.
Ao fim de algum tempo, António chegou do Ultramar e dois meses depois casou. Não ajudou em nada nos preparativos do Casamento. António, depois de casado, é que arranjou emprego e viveu feliz com sua esposa.
Quando Margarida se casou Laura ficou a morar sozinha, fazendo o serviço dde sua casa e cozendo pão para vender. Recebia a sua reforma e ia ajudando a filha que era a mais pobre.
Laura foi vivendo assim em sua casa e em casa de Margarida e teve oito netos e três bisnetas.

Conto - UNHAS DEMASIADO GRANDES

Enquanto ela escrevia sentiu a unha do polegar roçar no papel. Não ligou muita importância, pois costumava ser natural. No entanto, a jornalista, de 27 anos, magra e ruiva, deu-se conta que as outras unhas também cresciam. E quanto mais depressa escrevia mais as unhas se ampliavam. Ficou sem conseguir segurar a caneta e deixou-a cair para espanto dos colegas de redacção. Ela corou, mas não tentou apanhar a caneta; ao invés disso escondeu a mão direita na algibeira do casaco. Levantou-se da cadeira e dirigiu-se à sala do chefe. Porém, ele estava ocupado e não a pôde receber. Nesse momento notou que as unhas da mão esquerda também estavam a crescer. Fechou a mão com força, espetando as unhas na palma da mão começando a sangrar. Desesperada saiu da redacção sem dar satisfações a ninguém. Então notou que não conseguia tirar a mão direita da algibeira, as unhas já tinham crescido tanto que furaram o casaco e ameaçavam mostrar-se daí a pouco.
Ao chegar ao carro não conseguiu abrir a porta, não podia fazer uso da mão direita e a esquerda estava a sangrar e com as unhas também a crescer. Pontapeou a porta do carro e murmurou algo incompreensível.
As unhas da mão direita já se aproximavam do joelho dela e as pessoas do parque de estacionamento começaram a fugir com medo de serem atacadas.
A jornalista começou a chorar. As unhas da mão esquerda estavam a aproximar-se, em tamanho, das da outra mão e ela já não sabia o que fazer. Gritou por socorro. Contudo, ninguém ousava cercar-se dela. As unhas estavam tão grandes que ela já parecia um monstro. Agora era impossível vir a casar!
Finalmente as unhas alcançaram o chão. Nesse instante ela pensou que talvez o crescimento cessasse, mas não foi isso que aconteceu: as da mão direita furaram o chão e as da esquerda cresciam mais.
Ela não se deu conta que as unhas da mão direita ficavam presas no chão e não se partiam, não ousou em baixar o braço esquerdo.
Nessa altura a polícia já estava presente, assim como os bombeiros e a ambulância. Também chamaram um lavrador para trazer uma enchada e cavar as unhas que estavam enterradas no cimento do parque de estacionamento, pois elas eram muito resistentes e não era qualquer coisa que as derrubava.
As unhas não cederam à enchada e a jornalista começou a levantar os pés do chão. Para se apoiar melhor baixou o braço esquerdo e toda a cidade estremeceu. Houve gritaria e muita gente a correr dum lado para o outro. Ninguém sabia o que fazer para que as unhas da mulher voltassem ao normal.
De súbito, um homem cego disso para um polícia:
- Se o cenário é assim tão feio, mais vale pedir a ela que lhe coloque as unhas nos olhos.
Por entre a multidão apareceu uma mulher que retirou da mala um frasquinho de verniz e gritou para a jornalista:
- Não se mova que eu vou pintar um pouco desta unha. - A mulher assim fez e a unha começou a diminuir e os estragos que havia feito desapareceram.
Todos ao redor ficaram estupefactos!
Um perguntou:
- Esta mulher quem será?
Outro supôs:
- Alguma mulher divina que andava na Terra e ninguém sabia.
Depois tudo voltou à normalidade e a jornalista acabou por encontrar namorado e se casar, tendo tido mais sucesso na carreira.

Despejar Recordações

Não quero nem posso ficar assim
Com este peso em cima de mim.
Necessito de paz e descanso.

Às vezes, tudo o que tenho
Possuo-o na imagem.
Nunca sei o que pretendo,
Ando sem rumo a brincar com o ar
E com a vida sem dar passos concretos,
Desatino nas noites em claro
Vejo o fogo das neblinas incendiar
As colinas dos meus horizontes,
Toda a magia conseguida foi vivida
Como em loucura branda
Já nem sei nada de nada.

Procuro as forças na música que escuto
Para despertar o sono que tenho
E descarregar o que me faz mal.

O mar agora está mais calmo,
Há ondas leves e fofas a banhar
Os sentimentos da dor que sinto,
Os vagares mal se vêem,
Tudo está melhor, muito melhor.

A paz anda à volta da minha cabeça,
Meu cérebro está vazio e precisa de coisas,
Ou melhor, precisa se renovar.
A reciclagem está cheia.
Tenho que escrever e despejar
Aquilo que está a mais:
As preocupações e o passado;
Estas coisas têm de sair da minha mente
E de ficarem escritas para que não se esqueçam.
Preciso dormir e me renovar,
Tenho que renascer para a vida.
Há novas etapas por cumprir.
Há que mexer os pés e todo o corpo.
Agir e não esperar que tudo venha até aqui.

Conto - O EMPRESÁRIO E A MANSÃO

Um empresário de sucesso estava sentado na poltrona que havia no seu escritório e depois de se servir dum whisky começou a resmungar consigo mesmo:
- Parece que mais uma vez estou como a minha mansão... Tenho a melhor vestimenta de todos os tempos, o mais bem apresentado aspecto, posso ter o privilégio de me dar aos luxos, sou convidado para as melhores festas e eventos, tal como tu, minha casa... - e sorriu - és sempre apreciada por gente importante quando eu dou festas e ficas cheia de glamour. - Levantou-se da poltrona e abriu a porta, passando para outro quarto, continuando a falar - Tal como tu, tenho à minha disposição muitos empregados e quartos bastante amplos, arejados e limpos. - Nisto olhou à volta da sala cheia de mobílias caras, quadros de pintores famosos nas paredes, lustres muito ornamentados, sofás dum cabedal raro, vasos de flores artificiais que pareciam verídicas; deu meia volta e subiu a enorme escadaria de mármore que dava acesso até aos quartos. Abriu a porta de um dos quartos de hóspedes e havia lá uma empregada a abrir as janelas e a porta de vidro que dava passagem até a uma pequena varanda.
A moça assim que o viu saiu logo, para que não perturbasse o patrão. O empresário dirigiu-se até à varanda observando a bela paisagem que havia lá em baixo. - Ambos temos uns jardins radiosos onde cintilam as estrelas e o sol, assim como onde pousam alguns pássaros e pequenas gostas de chuva.
- Nós somos grandes em tudo! O que nos rodeia mostra-nos bem quem somos... Pertencemos à alta sociedade e temos que nos orgulhar disso. - Voltou a sorrir. Porém, seu sorriso desfaleceu ao olhar para o céu e deparando-se com nuvens carregadas. - Parece que o tempo está a mudar. - Proferiu voltando para dentro, fechando a porta, com uma tristeza no olhar - Os dias em que o céu se fecha não me agradam. Não sei o que achas, minha mansão, mas talvez também sejas da minha opinião.
A empregada entrou para fechar as janelas. Pediu licença e foi fazer o seu trabalho; saindo logo depois sem dizer mais nada.
- Será que compensa ser o patrão se os empregados parecem nos temer? Será que não percebem que eu sou um humano também? Às vezes o respeito não é muito benéfico, faz-nos frios... Sentes-te assim? - Perguntou retoricamente ao sair do quarto e pisar no largo e comprido corredor. - Talvez te sintas assim nos dias de Inverno em que o sol não te aquece as faces.
Andou até ao fundo do corredor e penetrou no seu quarto espaçoso e bem arrumado.
Apoiou-se à cómoda e olhou para a sua imagem reflectida no espelho e sentiu-se triste dizendo:
- Sempre fui tu e tu eu, apenas uma imagem da alta sociedade com boa aparência. - E arrancou o espelho da parede atirando-o ao chão, acrescentando - Tal como tu, por dentro, não há nada, a não ser o vazio de um vidro partido.
Então os empregados acudiram ao estrondo e o empresário sentou-se numa cadeira a olhar para o chão com um olhar indecifrável.


MORAL:
- Podemos ter todos os bens materiais, mas se tivermos a falta de amor não temos nada.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Crónica - CRIANÇAS & ADULTOS

Hoje em dia as crianças pensam de diversas formas em relação aos adultos. Parece que as crianças e os adultos não se dão assim tão bem como era de esperar, há uma grande oposição entre ambos.
Relativamente aos aspectos positivos baseiam-se principalmente na ajuda que os mais velhos lhes dão nos trabalhos da escola e para fazer determinadas tarefas, ensinando-os bastantes coisas, embora a maioria das crianças aprenda muito sozinha e com as outras, surpreendendo-os. Os adultos muitas vezes comportam-se como eles, brincando e isso faz com que os mais novos gostem mais deles por parecerem da sua idade.
Quanto aos aspectos negativos são imensos: algumas crianças acham os adultos mentirosos por não contarem determinadas coisas, algumas íntimas e por aprenderem na escola ou com colegas.
Também acham eles pouco divertidos, distantes e frios, obcecados com o trabalho, exigentes e manipuladores, brincam pouco, têm a mania das limpezas e da arrumação, são chatos e mandões, querem tudo à sua maneira, julgam-se sempre com a razão, refilam de tudo, falam muito alto e dão mais atenção aos amigos que aos filhos.
Quando os mais velhos tentam se impor, lá se vai a sintonia entre as duas partes e há um conflito entre gerações.
É difícil lidar com as crianças, têm os seus feitios muito especiais e às vezes os adultos perdem a paciência. São chatas, querem também mandar nos adultos e fazem birra, por vezes saem fora da lei e são mal-educadas, mas continuam sendo consideradas mais inocentes do que os adultos.
Gosto bastante de crianças e normalmente dou-me bem com elas, mas existem algumas complicadas, são mimadas, sem higiene e não querem obedecer a quem não é da família, às vezes nem aos pais ouvem. A começarem assim, no futuro serão mal vistas pelo público em geral. É difícil a educação hoje em dia.

COMPUTADORES & INTERNET

Um computador é como se fosse um robot, é programado, através da codificação 0 e 1, para elaborar diversas tarefas.
É composto por software e hardware. O primeiro não é palpável, mas apenas visível, porque existe através de programas com linguagens informáticas, sendo chamado também de sistema operativo. O hardware é qualquer utensílio que compõe o computador, também apelidado de periférico, alguns são de entrada como o rato, o teclado, as drives de cds, dvds e disquetes, o microfone, o scanner, o modem, as portas USB, a placa de som, a placa de video; outros são de saída como o monitor, as drives, as colunas, a impressora, as portas USB e o modem.
O computador possui uma memória viva (RAM) e outra morta (ROM), que tem alguns Gb. A RAM é volátil e se não guardarmos (no disco C ou na memória RAM) perder-se-á a informação se houver um corte de energia, por isso, existem as memórias secundárias como as bandas magnéticas (que actualmente não existem) evoluíram para disquetes, também já em desuso, agora existem mais CDs-ROMs, embora nos tempos que correm utilizem frequentemente os dvds, os mp4, os mp3, as pens USB e os Ipods.
À medida que os anos foram avançando os softwares evoluíram: já há o Pentium IV; os processadores tornaram-se mais rápidos e menos barulhentos; os monitores mais modernos, estreitos como os televisores plasmas quadrados e sem giga; as torres mostram as drives, os fios e outros componentes de hardware, porque são feitas de plástico; a impressora e o scanner estão juntos sendo chamados de Multifunções; o rato e o teclado não têm fios; os discos C são maiores e alguns são exteriores; há webcam e microfone para se falar no chat ou MSN da Internet.
Estão a escassear os computadores de secretária, pois são trocados pelos portáteis que contém maior espaço no disco C, várias dezenas de Gb e são muito mais práticos, incluem uma bateria e quando a electricidade falhar a informação não se dissipa porque há tempo para a salvar.
A Internet foi uma das grandes invenções em 1969 pelo Bill Gates, a junção de milhares de redes com um protocolo de comunicação usado – World Wide Web ou chamada teia-web – teia de aranha mundial.
A informação encontra-se em sites, é de fácil acesso para quem tem um modem ligado ao microcomputador, acesso telefónico tradicionalmente, um fornecedor de acesso como o SAPO ou a ONI. Actualmente também há a Internet de banda larga, a net-móvel (através das portas USB), a net-cabo (ligada à tv cabo), os pacotes da MEO ou da ZON e o telemóvel.
Nessa rede internacional encontramos de tudo, desde o educativo ao promíscuo, do divertimento ao trabalho; aprende-se muito, conhecem-se imensas pessoas através de certos sites como o hi5, o netlog, o myspace, o facebook, o tagged, o badoo, o twoo e o sonico; fazem-se muitos amigos virtuais, encontram-se amigos ou conhecidos e, alguns, até a alma gémea.
O MSN ou Messenger é o actual chat em que pessoas de todas as idades e sexos falam e passam muito do seu tempo. Dantes havia o MIRC.
Os jogos de computador também distraem e ocupam muitas horas dos jovens, principalmente, tanto online como no Ambiente de Trablho.
Eu gosto muito de navegar na Internet e de utilizar o computador, tirei três cursos de Informática, um tecnológico e outros de iniciação, e acho que ela é essencial nos dias que correm.
Na minha opinião o computador deveria ser a pilhas ou com uma bateria que nunca se descarregasse e do tamanho de um telemóvel, e sempre com acesso à Internet, para ser mais fácil de estarmos com ele e não ser tão cansativo, ou seja, não termos de nos sentar à frente do ecrã horas a fio, o pudermos levar para qualquer lado e estarmos com ele em qualquer sítio.

Sou areia

Sou como um deserto
Secreto
Perdido por aí,
A pensar em ti.

Sou um mar de areia
Perto da galé donde vais aportar.
Sou uma duna numa praia
Longínqua onde nunca vais nadar.
Sou uma areia que quer achar
Um oásis para se afogar.
Sou uma areia a meditar
Como amar uma grande mar,
Se está num deserto
E não há água por perto.

Meu coração tem sede
Precisa da tua vassalagem,
Mas ainda não percebeste,
És a minha miragem.

CRÓNICA - TOURADAS À CORDA

Quando chega o dia 1 de Maio começam as touradas à corda na Ilha Terceira, típicas desta região. Costuma haver nesse dia na freguesia das Fontinhas, no Concelho da Praia da Vitória.
Horas antes da tourada, depois das dez horas da manhã, há no mato, nas praças dos respectivos ganadeiros, corrida de touros ou vacas: são capeados por profissionais chamados de capinhas; costumam lá ir fanáticos das touradas ou turistas. Faz-se churrascos, come-se, bebe-se e ri-se com os amigos até chegar perto da hora dos touros actuarem em determinada localidade. É habitual haver uma excursão, em fila, do mato até ao lugar da tourada.
Começam às dezoito horas e trinta minutos nos primeiros meses, ao chegar ao mês de Agosto iniciam-se trinta minutos antes, em Setembro às dezassete horas e trinta minutos e em Outubro trinta minutos antes.
Para a tourada vão quatro touros puxados pela corda comandada por vários pastores, metade deles a meio da corda e os outros na ponta da corda. É um trabalho difícil que exige esforço e união.
O local onde o touro corre é chamado de arraial. Enquanto o touro vai para o outro lado do arraial passeiam na estrada os pregões – homens a vender gelados em malas que os conservam e outros com dois cestos, um com salgados e outro com doces.
Após a corrida de um touro os pastores trocam a corda deste para outro abrindo uma parte de cima da gaiola. Depois de correrem dois touros há um intervalo de cerca de meia hora em que os pastores vão petiscar qualquer coisa. Durante esse tempo, além dos pregões, podem-se ver, em algumas freguesias, a filarmónica a desfilar. Estas touradas demoram cerca de duas horas e meia.
Têm dias que vêm do mato touros puros, ou seja, touros novos que nunca correram numa tourada à corda. Costumam berrar ao correr, caem na estrada e cansam-se facilmente, tal como os mais velhos.
As touradas terminam a 15 de Outubro. É frequente ser na freguesia do Porto Judeu, no concelho de Angra do Heroísmo.
São divertidas estas festas da minha ilha, também gosto e sou fã, é um pedaço de tempo que se ocupa fora de casa ao ar livre entre pessoas.
A Ilha de São Miguel está a aderir a esta festa, foram para lá em 2008 touros da nossa ilha e também capinhas.

DESAPARECEU

1.
Nunca pensei que a vida
Fosse capaz de fugir.
Sinto-me perdida
Sem um sinal de ti.

Lutei e procurei
Por entre a multidão
Os teus vestígios
De desespero no olhar,
A tua brisa neblina
Arrancada nas origens
Matinais impostas
Pelo resumo do dia.

Quero te ver na cidade,
No campo ou na aldeia,
Contar-te a verdade
Do amor que tenho na ideia.

Só que tu não apareces,
Ainda não vieste para aqui,
Estás na distância
Das 24 horas angustiadas…

Não quero me queixar,
Mas tenho que desabafar
Os meus infortúnios
Aos meus amigos únicos:

- Papel, estou triste,
Eu, para ele, não existo,
O amor que sinto,
Aos olhos dele é esquisito.

Nada posso esperar
De quem foge a sete pés
De quem o quer amar
E desaparece sem rasto.

Não posso continuar
Assim, neste estado,
Terei que procurar
Alguém mais acertado...

Ele desapareceu do mapa
Como o continente da Atlântida
E deixou-me na esperança
De sarar uma ferida.

Não sei se conseguirei
Encontrar outra pessoa,
Está tudo escolhido.

Não me digas que não procurei
Porque é à toa,
Já perdi muito tempo com isso.

Não vou procurar
Amado,
Mas esperar
Que ele dê por mim.
Não quero mais sofrer
Amores impossíveis
E não correspondidos.

Se a vida é assim
- A viver na esperança –
Quero ter essa herança
E esperar a virtude
De dar de caras
Com o homem
Da minha vida…

Decidi não procurar o amor:
Se ele quiser que me encontre...

2.
Continuo na esperança
A esperar na aventura
Dum lugar, um desejo
De sentir a loucura
Da vida salgada.

Sua majestade floresceu
Os desígnios de Deus.
A miragem renasceu
Da água brilhante e suja.
Tudo é mais que tudo
Na imensidade da luta
Embriagada do amor
Cheio de encanto e dor.

O coração aperta
Sem jeito.
Uma ferida aberta
Fere-me o peito.

Já esqueci quem sou
E o que faço aqui.
O homem que amo
Foi-se embora,
Desapareceu do mapa
E não sobrou nada.

Já não sei quem sou,
Perdi a noção de tudo,
Não há aves a voar
Nem perguntas para fazer,
O rio corre a bom correr
E há um arrepio
De frio que me faz
Estremecer na paz
Da ternura branca
Da mansidão da saudade.

As borboletas estão belas
A voar pelo ar fora
Em busca da recusa
Das flores, e do sol,
Para as amar mais
E nelas ter gosto de pousar.
As ervas saem
Dos jardins e das terras,
Vêm furar as pedras.

Entro no meu barco
E apanho um avião
Que foge para longe
Sem esperar ter
Uma vontade realizada.

Verão de 2006

PARA TI

A pintura
Que o céu faz com o mar
É uma moldura
Que eu vou-te dar.

A paisagem da natureza
É de grande beleza,
Não a vou desperdiçar,
A ti vou entregar.

NÃO SEI O TEU NOME

Nem sequer sei o teu nome,
Mas o meu coração te chama.
Fico à espera do meu sonho
Navegar com mais calma
E adormeço a pensar em ti,
Sem nenhuma resposta
Concreta do teu amor,
Dos teus sentimentos por mim.

Luto por ouvir a tua voz
Num canto qualquer,
Não a conheço, mas pressinto
Que pertence ao teu ser…

Só peço a Deus que não penses mal
Desta rapariga que te adora
Muito, muito e que te ama agora,
Sem sentir a tua presença,
Implorando pela tua atenção
Com o coração na mão.

2006/2008

AUSÊNCIA

Eu sem ti não encontro o amor,
Perco todos os meus sentimentos,
Encontro depressa a dor
Ficando presa nos meus tormentos.

Este vazio de dentro é meu inimigo,
Aquece-me e dá-me medo,
Nada se torna igual contigo
Porque és firme como um rochedo.

Sinto o coração a doer
E não sei como reagir,
De ti tenho de me esconder
Para não voltar a cair.

SEI

Sei que vai acontecer:
Nós os dois juntos num só olhar.
Só poderei viver
Quando de novo te encontrar.

Sei que vai adormecer,
No espaço profundo do teu ser,
A vida que quero ter
E que deixarei passar ao te ver.

Sei que vou merecer
Um dia te amar sem fim
E que vou morrer
Nas profundezas de um jardim.

Sei que vou querer
Uma vez mais sentir
A sensação do prazer
Que já vi e deixei partir.

ALTOS & BAIXOS

Os horizontes tornaram-se pequenos,
As montanhas ascenderam ao céu,
A brisa ficou a sentir-se menos
E a temperatura desceu.

O avião voou e foi para baixo,
O barco subiu sempre a maré,
O sol fez brilhar um cacho
E eu comi-o de pé.

PARA ALGUNS

Para alguns a mulher é "atirada"
Se der o primeiro passo
E para outros, se não o fizer
É porque não sabe o que quer...

Vá-se lá entender os homens!
Com idades parecidas
E com pensamentos discrepantes!?
Será que faz sentido?
Influências talvez
De amigos ou da vida.

29 de Abril

NÃO MEREÇO

Não mereço ser só o mar,
Mereço ser o luar
E viver com bem-estar.

Não mereço apanhar,
Mereço ser bem tratada
E não sair magoada.

21 de Dezembro

IMAGINAÇÃO

Debaixo da macieira encontrei
A virtude da vida
E logo depois imaginei
Que estava perdida.

A imaginação
Prega-nos partidas
E o nosso coração
Fica com feridas.

Só com muita força de vontade
Se consegue ultrapassar as confusões
E eu sinto que a verdade
É dura demais para as multidões.

30 de Agosto

PRESENÇA

Há uma básica presença
Na Rádio Renascença
A flutuar como vaga-lume
Na brisa do teu queixume.

Há uma leve doença
A preparar uma imensa
Multidão como lume
Marcado com o teu perfume.

6 de Dezembro

CONFISSÃO

Achei-te tão belo,
Belo como o sorriso.
Não to disse, pois não é preciso,
O meu olhar já mostrou.

Se gostas do meu cabelo
Diz que eu ficarei contente,
Não te escondas de repente,
Pois eu sou o teu amor.

12 de Dezembro

quinta-feira, 29 de abril de 2010

FOLHA VAZIA

Escrevi uma folha vazia
Porque os sentimentos
Não os sentia.

Estou tão cega
Que só vejo
A solidão que chega.

21 de Abril

SE EU...

Se eu encontrasse
O amor da minha vida
Tinha mais alegria,
Dava uma saída
E vivia em harmonia.

Se eu plantasse
Uma flor agora
De certeza murchava,
Pois não chegou a hora
De ter quem amava.

Letra M tem mais força

Desato as sandálias
E perco-Me na Música
Do Desacato iMediato.
Recebo as dálias
E fico Mais rica
Porque o jardiM está eM MiM.
Suspiro com o nenúfar
E respiro a brisa Matinal
Para no fundo ser o Mundo.
Pego eM Mais ar
E espero pelo Manancial
Plantado no MesMo lado.

LIVROS

Hoje em dia existem livros espirituais
Que são guardados na memória,
São parecidos com os virtuais
A que toda a gente tem acesso.

Eles contam histórias de glória,
Aventura, miséria, solidão,
Ruína, amor, loucura, progresso,
Desavença, desgraça e compaixão.

Lemos vidas todos os dias
Nos jornais e na televisão,
Nada nas noites frias
Nos impressiona a feição.

Vê-se de tudo um pouco
Ao passar por este mundo,
O tempo corre como louco
E ainda não vimos tudo.