segunda-feira, 6 de setembro de 2010

CONTO - O BALOIÇO ENCANTADO

Certo dia a mãe do Hugo mandou-o ir à mercearia comprar manteiga para a mãe acabar de fazer o bolo. Hugo foi, mesmo não tendo pachorra, pois não queria ver a sua mãe zangada.
Quando ia a caminho da mercearia passou por um parque onde haviam baloiços e escorregas, que entretinham dois miúdos. Olhou o relógio e viu que ainda era cedo, não tinham passado mais do que dois minutos que saíra de casa.
Já lá iam quase duas horas e o rapaz não regressava.
A mãe começava a ficar em apuros:
- Mas o que terá acontecido ao Hugo? Terá tido um acidente?
E foi então que disse à filha mais nova para ir até à mercearia do Senhor Juvenal e que tentasse saber o que tinha acontecido ao irmão.
A rapariga foi e quando encontrou o irmão a andar de baloiço disse-lhe:
- A mãe está muito preocupada contigo. Vai ficar muito zangada quando souber que ainda não compraste nada.
O irmão não lhe respondeu.
Quando Dalila olhou para um baloiço vazio correu para ele como se esse o tivesse chamado e não disse mais nada.
Já estava a entardecer e a mãe dos pequenos estava furiosa por ainda não terem chegado. Daqui a nada o marido regressaria do trabalho e ela estava atrasada com o jantar e com o seu bolo de aniversário!
Então a mãe dirigiu-se ao mercado para ralhar com os filhos pelo atraso. Quando viu a filha puxou-a por um braço dizendo:
- Será que falei chinês! Não te mandei vir andar de baloiço... - Mas assim que olhou o baloiço despejado sentou-se nele.
Dalila puxou o irmão proferindo:
- Tens que ir comprar manteiga que a mãe está um fera.
O rapaz seguiu imediatamente para a mercearia.
Depois de ter comprado a barra de manteiga viu numa árvore um ninho de melro-preto. Olhou para os baloiços, que não ficavam longe dali, e viu a mãe e a irmã lá sentadas pensando:
«Estão entretidas. Posso muito bem ir buscar os melros ao ninho que minha mãe não vai brigar.»
O problema era subir a árvore. Tinha as mãos ocupadas com a manteiga! Foi então que teve uma ideia: colocou a embalagem de manteiga no caixote do lixo e subiu à árvore sem problemas. Ao avistar o ninho de perto tirou um melro, deixando lá dois. Quando tentava descer a mãe do pequerrucho surgiu e deu-lhe bicadas nas mãos. Hugo desequilibrou-se e escorregou da árvore caindo aos pés do pai. Este ao vê-lo perguntou zangado:
- Que andas tu a fazer? Quantas vezes já te avisaram para não ires aos ninhos?
Hugo levantou-se com o melro na mão. O pai puxou-lhe uma orelha para o ajudar a levantar-se e retirou o melro morto da mão do rapaz atirando-o para o caixote do lixo dizendo:
- Não fizeste mais nada senão matar um ser vivo.
Quando o pai virou costas ele foi ao caixote do lixo e retirou de lá a embalagem de manteiga.
O marido ao deparar-se com a esposa e a filha a andarem de baloiço ficou deveras admirado e ao ver o escorrega sozinho resolveu recordar os tempos de criança e ir dar uma voltinha nele.
Hugo olhava a cena pasmado pensando:
«Como é que os pais podem ralhar com os filhos se fazem coisas semelhantes?»
E depois começou-se a rir e foi ter com o pai colocando a embalagem da manteiga no boné e colocando-o na cabeça.




MORAL DA HISTÓRIA:
- "Quem quer vai, quem não quer manda;"
- "Se queres uma coisa bem feita tens que ser tu a fazê-la";
- "Faz o que eu digo e não o que eu faço";
- "Conforme é o pássaro assim é o ninho".

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