sábado, 11 de setembro de 2010

TRANSPOSIÇÃO

Sobranceiro a despedida
Em actos de glória informal.

Ainda vejo o teu rosto de anjo
Que transmite negação!...

Fecho os olhos, baixo a cabeça
Tentando a indiferença,
Mas isso até me fica mal
Porque não sou assim na vida,
Transmito o que tenho no coração.

Ah, quem me dera ser diferente!
De cabeça ao léu controlando o leme
Navegando sem receios
Ultrapassando baías e cabos,
Rochedos elevados e perigosos,
Trespassando as sombras
Da solidão e incerteza
Incidindo sobre elas
Um foco de luz de firmeza!...

Quem seria eu se assim fosse?
Seria melhor pessoa?
Teria as virtudes que tenho?
Habitariam em mim sentimentos nobres?
Morreria mais cedo?
Seria arrogante e fria
Ou forte e corajosa?

Ai, perguntas incompletas
Dai-me distância!
Os poetas
Sabem responder com o instinto,
Mas não sabem se acertaram
Em cheio no infinito.

Se não sei a verdade inteira
O destino assim previu.
Não vou dar cabo da mioleira
A pensar em coisas que nunca se viu.

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