sábado, 11 de setembro de 2010

FUGA

Contei os meus infortúnios À injustiça
para tentar alcançar paz em mim,
Mas gastei os mistérios de lagos sem fim
Nas abóbadas da vida enfeitiçada com jasmim
E desperdiçada como as ervas dum jardim
cheio de glória, cor da flor de cortiça.

Já não me aguento a mim mesma!...
A preguiça é mesmo tanta
Que sinto-me uma lesma
Que sozinha por aí anda
Nas avenidas da escuridão macabra,
Marcada por um infortúnio de marca.

Gemo palavras incompreensíveis,
Rasgo papéis de carrasco e dor
Na purificação de um acto de amor
Manchado duma chama quente
Com um retrato de gente
Bordado na luz a mísseis.

Apanho formigas. é um acto de fuga
À monotonia desta vida abjecta!
arranjo desculpas para tudo o que me afecta
E atiro-me de cabeça em tudo o que faço
sem liberdade, lei gasta ou luta,
Que me leve para fora num só laço.

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