sexta-feira, 5 de novembro de 2010

CRÓNICA - O ESPÍRITO SANTO

Quando terminou o I Domingo de Páscoa começou logo a azáfama para quem tinha o Espírito Santo em sua casa. Ele é o símbolo da paz, representado por uma pomba branca, pela água benta, pelas nuvens, pelo vento, pelo óleo e pelo fogo.
Durante oito domingos vários imperadores levam-No (várias coroas do Divino Espírito Santo enfeitadas de flores brancas plásticas) em romagem a pé até à igreja (função) (onde são bentas e postas nas cabeças dos escolhidos) e torna-se uma coroação que se segue para entregá-Lo, em romaria, a casa de outra pessoa que tenha promessa para pagar.
Depois da chegada ao local de almoço há o oferecimento de esmolas de sopa com carne e cozido à portuguesa com pão de milho e massa-sovada (pão doce) juntamente com uma garrafa de sumo a quem queira ou precise e dá-se almoço aos convidados, em local apropriado para o evento, como as Casas do Povo ou Salões Recreativos, antigamente algumas pessoas faziam sombreiros, ou seja, barracões para colocar mesas e servir o almoço em suas casas.
Foi a Rainha Santa Isabel, na Vila de Alenquer, em Portugal Continental, que iniciou esse culto para ajudar os mais necessitados com comida. Porém, tal tradição veio para o arquipélago açoreano com os povoadores no século XVI. Começaram as Coroações devido à ocorrência de catástrofes vulcânicas.
Ao chegar o Domingo de Pentecostes dá-se o primeiro Bodo onde é distribuído pão e vinho (e, por vezes, massa-sovada) pelos mordomos aos presentes, em local de destaque de cada localidade. Nesse dia também há uma Função com coroação. A filarmónica local toca e pode-se ver carros de toldos com inúmeras iguarias onde as pessoas passam a tarde a petiscar na algazarra. Acontecem as arrematações e escolhem-se os próximos devotos para continuarem com a tradição. No Domingo da Santíssima Trindade dá-se o mesmo acontecimento.
A freguesia fulcral para tal tradição é a da Vila Nova, pertencente à zona do Ramo Grande, onde se encontram quinzenas de carros de toldo, mas a Vila das Lajes também adere bastante e já apresentou uma dezena de carros do bodo. Agualva e S. Brás são outras das localidades com presença forte de carros de toldo.
O concelho de Angra do Heroísmo também apresenta alguns carros de toldo, como é o caso da Vila de S. Sebastião.
Eu costumo participar nessas festividades todas e adoro. Em tempos, familiares meus, de diversas freguesias, levavam um carro de toldo e petiscos para passarem os dois bodos no adro da igreja.

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